“minha vida, minha história, eu
mesma, sem egoísmos, como ser, como somos. Pois, uma vez que aqui viemos,
expressemo-nos, então.”
Amigos e caros
leitores, inicio uma outra fase nas minhas reflexões. Chamo de “soltando meus
freios, lentamente”. Até aqui, escrevi em terceira pessoa, com este artigo,
almejo, sem modéstias, mostrar um pouco do “como aprendo” e falar em primeira
pessoa. Uma das razões é minha necessidade de exercitar na temática que mais me
interessa: minha vida, minha história, eu mesma, sem egoísmos, como ser, como
somos. Pois, uma vez que aqui viemos, expressemo-nos, então.
Há uma “persona” que
me pertence há muitos anos. Talvez, desde o momento em que eu soube que não era
mais a filhinha da mamãe, nem a princesa do papai. Mas, foi somente camuflando
minha inadequação sexual e meus impulsos de desvio, que esta persona se
manifestou com o nome ilusório de ciúme. Mas, o que é o ciúme? Me perguntei um
dia e a resposta veio anos mais tarde, depois de várias relações frustradas,
depois de fazer meu coração em pedaços e despedaçar também outros corações.
Só compreendemos um
sentimento se o observamos, acolhendo-o, deixando-o se manifestar sem
julgamentos, sem interferências racionais ou irracionais. Assim, depois de muitos
anos é que mudei minha pergunta para: como é o ciúme? Quem sou ciumenta? O que
é « isto » em mim que chamo de ciúme? Em geral, dizemos que o outro
nos faz ciúmes. Mas este é um sentimento criado por nós para camuflar alguma
ferida do nosso self. E tudo o que
criamos é ilusório. Então, quem é « isto » que crio e projeto no
outro e chamo de ciúme? E o mais importante: o que estou escondendo? Qual
a ferida está sendo encoberta?
Chopra diz que a
dualidade está onde nós estamos e, somente quando pararmos de projetar nossas frustrações,
iremos nos conhecer, ou seja, deixaremos de ser « duais ». Isso não é
nada fácil, pois a base pensante da nossa civilização é dual e começou na
Grécia antiga. Aprendemos a raciocinar de maneira dual, corpo/mente; bem/mal;
deus/diabo; matéria/não matéria. A física quântica e a antiga sabedoria zen
budista nos revelam que a dualidade é ilusória, pois, somos todos um. Einstein
diz que tudo que existe no espaço, existe também dentro de nós em formas
infinitamente menores. O Zen budismo fala que tudo no universo é mente, é consciência,
assim como nosso corpo é muitas mentes reunidas em um único espaço-tempo. E
todas as vezes que nos dividimos, sofremos, porque literalmente, nos partimos.
Nos dividimos para nos esconder, nos dividimos para nos camuflar, nos dividimos
para criar um outro de nós mesmos. Até que um dia, não aguentamos mais e
gritamos um sonoro basta!
O conhecimento é
incompleto até que o vivenciemos. Então, foi somente depois que parei de
apontar meu indicador na direção oposta à minha que descobri um outro
aprendizado, mais real, mais completo, mais meu.
Bem, no próximo texto
vou falar mais sobre minhas projeções. Espero seus comentários e que
compartilhem comigo deste momento.
Gratidão, desde
sempre.