terça-feira, 24 de abril de 2012

A Dupla Face do “Discurso Competente”


O que percebemos na dupla face do discurso econômico é que, se de um lado parece progressista e humano, ao se dizer preocupado com o futuro da humanidade. De outro, realiza aquilo que é de sua natureza fazer: competição, injustiça social, depredação dos recursos, etc, encoberto sob o véu da ineficiência do poder público. A urgência em refletir essas questões com clareza e honestidade se torna cada vez mais presente, em especial no Brasil onde, sabemos, há um descaso político-econômico em enfrentar esses temas. 

Nosso desafio é, ainda, a construção de um sistema de gestão ambiental independente, transparente, participativo, integrado, ético-responsável tanto no planejamento quanto nos procedimentos e processos, que seja voltado para a sustentabilidade sócio-ambiental e não apenas econômica e política.

O conceito de discurso competente é inspirado em Marilena Chauí que, em seu livro Cultura e Democracia apresenta, muito à frente de nosso debate, o que vem a ser essa forma específica de ideologia.

domingo, 22 de abril de 2012

A discussão continua: Da crise à criação do termo “Desenvolvimento Sustentável”

Pode-se dizer que a crise econômica mundial dos anos 70 serviu mais para detonar mais recursos naturais do que para alertar o mundo quanto aos riscos do seu esgotamento, pois a corrida competitiva e consumista que se desenrolou nos anos seguintes serviu para colocar outras questões nesse interminável debate. Somente nos anos 80 a sociedade organizada iniciou, por outras vias, esse debate, mas as ações estatais apresentadas ao mundo tornaram-se fruto do discurso competente, sem efetividade. O debate passou assim a ser conciliatório, buscando muito mais o equilíbrio entre posições antagônicas do que o desenvolvimento de ações eficazes. Foi criado o conceito de desenvolvimento sustentável, ironicamente defendido pelo Banco Mundial em 1997.
Daí pra frente é fácil imaginar o que se deu. O sistema financeiro corporativista submeteu governos, empresas, sociedade e todos os outros sistemas e vem contribuindo para desestruturar o aparato estatal estruturado no pós-guerra. A implantação do modelo gerencial de Estado, importado da iniciativa privada, passou a ser o fio condutor das reformas sociais. No Brasil sabemos bem o que aconteceu aos trabalhadores nas décadas de 80-90, quando aconteceram demissões em massa em diversos setores estatais e privados.
No próximo post: A Dupla Face do “Discurso Competente”

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O paradigma ambiental e a reforma do Estado – que pacto é esse?


Esse dilema se configura ao observarmos que a emergência do paradigma ambiental tornou-se evidente, principalmente porque, ao coincidir com as primeiras conferências de reforma administrativa do Estado, sob a égide das Nações Unidas, deixou de lado as questões sociais emergentes nesse debate e restringiu a participação dos diferentes grupos e nações, tornando-se socialmente insustentável.
 
Foi a partir da crise do petróleo em 1973 que entrou em xeque o modelo técnico-burocrático de Estado até então conhecido no mundo. Um ano antes, havia sido realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, em Estocolmo, na Suécia. Nesse encontro, no qual os chefes de Estados de todo o mundo debateram questões sobre meio ambiente e desenvolvimento, foi dado um alerta quanto ao esgotamento dos recursos naturais do planeta, caso persistissem o modelo econômico atual. Em meio a medos da perda do poder pelas nações ricas e a oportunidade de emergir das nações pobres, o traço comum entre ricos e pobres nesse contexto é que, em nenhum dos lados a sociedade e cidadãos sequer foram ouvidos.
 
Próximo post: Da crise à criação do termo “Desenvolvimento Sustentável”

quarta-feira, 18 de abril de 2012

I Ching – Uma consulta com Wander Marcos

Nesse post, trago o depoimento de Wander Marcos, meu amigo e idealizador desse blog. Ele vai nos contar sobre a sua primeira experiência de consulta ao i ching.

Para começar, eu o pedi que mentalizasse uma pergunta. Ele jogou as moedas e nós montamos juntos o hexagrama. Por fim, ele acabou fazendo duas perguntas.

Maralu Santos: Como você interpreta essa experiência?
Wander Marcos: Me surpreendeu bastante. A possibilidade de interpretação que o I Ching nos proporciona me trouxe um novo ponto de vista sobre duas questões que já vinham martelando minha mente há tempos. Por ser interativo, notei que o i ching é realmente um guia. Nada de superficial, o i ching nos lança idéias que nós as percebemos em nossas vidas, tanto no estado presente como na possibilidade futura. Estou ainda pensativo, confesso, porque a resposta foi bem além do que eu imaginava.

Maralu Santos: Acho que você está sendo bem espontâneo na sua avaliação. Esse oráculo permite isso mesmo, tocar no nosso inconsciente e nos provoca a imaginar e a buscar as respostas certas, através dos símbolos que ele coloca. Você consultaria o i ching novamente?
Wander Marcos: Agora, que tal? Já pode de novo? Já foi uma pergunta mas séria, e outra mais íntima. Mas ainda tenho várias perguntas.

Maralu Santos: Calma, o ideal agora é pensar nessas questões, até porque você poderá ter uma surpresa se consultar demasiadamente, sem reflexão ou foco na pergunta. É ideal captar cada momento seu.
Wander Marcos: Muito obrigado.

Essa foi a consulta. Elas são simples de se fazer, mas o resultado é surpreendentemente profundo, por mexer com o seu inconsciente e te provocar a buscar novas respostas. Caso você tenha mais interesse no assunto, terei prazer em responder suas perguntas.






sábado, 14 de abril de 2012

Diante do Yale


A Lei da Mutação nos apresenta contínua, circular em acontecimentos complexos conectados entre si e ao universo.


Acessar o I Ching, como uma das possibilidades de analisar nossas mutações é imergir na complexidade aparente do universo. Pois, apesar dos incontáveis fenômenos e sua distinção uns dos outros, em suas tendências de mudanças, descobrimos também, o fácil, o simples, o repouso, o duradouro, o espontâneo, a adaptação, a resistênica, etc, ou seja, aspectos de um só todo, o conceito do “I”, ou de suas 64 estruturas lineares. Daí que o I Ching é mais do que um oráculo. É, antes, um livro de sabedoria, cuja leitura implica em formular perguntas. Aí está todo o êxito ou fracasso da “consulta”, no sentido da sua compreensão ou não. Como oráculo milenar é um livro infalível, pois esta é a natureza dos oráculos em suas respostas claras e precisas. Porém, nosso entendimento é, por vezes, turvo e confuso. O oráculo mostra, mas nem sempre, conseguimos ver, pois não queremos ou não sabemos.

O poder de um oráculo é: a manifestação do nosso inconsciente, daí sua linguagem simbólica e própria. Para que consigamos ver significado nas respostas obtidas, precisamos aprender o modo de concatenação dessas imagens simbólicas nas nossas situações apresentadas como perguntas e não insistirmos em decodificá-las, seguindo padrões estranhos de nossa cultura. De início, precisamos saber com clareza o que buscamos, o que desejamos explicitar para nós mesmos e formular corretamente a pergunta nesse sentido. A pergunta correta se caracteriza por sua intenção e forma, sua adequação ao propósito e finalidade do livro, que é auxiliar-nos na busca das nossas verdades, na busca de nós mesmos, ou, a busca do autoconhecimento.

Na próxima semana: Uma consulta com Wander Marcos.


segunda-feira, 9 de abril de 2012

Educação pelo medo


Pecar então é “errar o alvo”, “inibir o desenvolvimento”, contrair-se, andar para trás, regredir e não expandir-se em crescimento.

Pensemos um pouco o que o tradicionalismo judaico-cristão nos legou, historicamente, como sendo pecado. Tendo o medo, como mestre, há uma secular transmissão psicológica, moral e religiosa dos pecados familiares, arrastando sentimentos e atitudes inconscientes de avós para pais e de pais para filhos, ou mesmo de irmãos mais velhos para os mais novos. De diferentes formas pode se transmitir pecados em uma família: nos comentários sarcásticos, olhares depreciadores, desvalorização de atitudes criativas, no sexismo velado das aparências que enganam, etc.

Mais cedo ou mais tarde as crianças desenvolvem o complexo da vergonha, ansiosos também por admitirem culpa e famintos para obter aprovação e aceitação. Incentivar o medo desde cedo, em família evita ou esconde os conflitos, disfarça a ansiedade e enterra desejos. Assim, é possível às crianças, como pequenas esponjas, absorverem ódios, depressões, medos e vícios, ainda que nunca se tenha falado sobre eles em voz alta. Depois como adultos, na sociedade, torna-se fácil inventar estratégias que dêem continuidade a outros medos sociais.

Mudar padrões aprendidos e estabelecidos dói e muito. Mas, não é a dor da mudança que importa. A mudança é significativa quando existe consciência de que os pecados familiares, no sentido colocado acima, precisam ser desvendados, iluminados, perdoados e até aceitos conscientemente como características individuais. O sentido, portanto, é único: deixar as possíveis situações internas virem ao consciente, a fim de que estas não aconteçam do lado de fora, sob a forma de destino. Resta-nos então, o trabalho psicológico sincero e a disponibilidade honesta e interna de fazer as lições que não foram aprendidas pelos antepassados. Se este trabalho for feito em família, tanto melhor para o crescimento de todos. Precisamos, no entanto, ter consciência de que, se falharmos e não mudarmos os padrões localizados, perpetuará o destino familiar, legando possíveis padrões destrutivos e inconscientes às gerações futuras. 

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Você é o que você come, de verdade.

Existe hoje em dia esse discurso: "Comer naturalmente é melhor". Em contrapartida, observar a qualidade dos alimentos tornou-se subjetivo, enquanto confiamos em termos como "orgânico", "ecologicamente correto" e "saúde alimentar". Ao começar a escrever, me deparei com algumas questões. vou colocá-las aqui para que todos nós possamos avaliar o nosso comportamento:

1. Do que adianta nos encher de grãos e termos uma deficiência de cálcio, proteínas ou até mesmo gorduras? (Eu sei que alguns grãos tem proteína, como a soja, mas questiono a super valorização do orgânico).

2.Pegando o gancho: o que é o orgânico? Não queremos nos intoxicar com agrotóxicos, mas até onde podemos dizer que o uso de um corretivo no solo inviabiliza a agricultura orgânica?

3.Por outro lado, o ecologicamente correto precisa realmente ser mais caro?

4.Sendo esses alimentos orgânicos ou não, qual a real necessidade de ingeri-los?

O importante aqui não é discutir a natureza desses alimentos. Eu até acredito que eles sejam sim melhores e dou preferência na hora de comprá-los, pela sua origem e sua qualidade. Mas quero discutir se sabemos de verdade quando estamos com fome ou se nos alimentamos pelo prazer de comer, ou até mesmo pela convenção cultural. Por outro lado, temos que confrontar a saúde alimentar, ou seja, a necessidade de consumo calórico diário estabelecida pelo OMS, com o gosto alimentar, ou seja, aquilo sentimos necessidade de comer, a partir do nosso aprendizado cultural.

Enfim, para mim, temos que cuidar da nossa alimentação, que vai muito além do orgânico, recuperando a história cultural e regional da alimentação e extraindo ali conhecimentos e receitas saudáveis. O objetivo: o equilíbrio.

O início: o autoconhecimento

"Conhece-ti a ti mesmo"
Sócrates

O que é a grande questão? Você se autoconhecer. Todos nós temos que nos despir dessas auto desculpas, flagelações, ilusões e maquiagens. Mas isso é possível?

Vou usar de exemplo uma grande amiga que, no momento, vive em pânico por não saber o que fazer após perder o emprego. A vida pode parecer cheia de problemas sem soluções aparentes, mas elas estão lá. A questão é estar disponível para vê-las, e então, acreditar nelas. Beatriz, tem ainda a pensão do ex-marido. Talvez ela tenha sim que abdicar de certos padrões internos, convenções que temos como corretas, arraigadas pela sociedade, pela família ou por nós mesmos. Mas, situações limite mostram que precisamos nos reinventar e questionar nossas próprias verdades.

Conhecer a si mesmo é perceber que é você o responsável pelos seus atos, portanto, que é você a pessoa capaz de encontrar as suas próprias soluções. Vai doer, pode ser difícil, você pode acabar querendo se sabotar, você pode até rezar para ajudar, mas é esse o caminho mais eficaz.

Experimente, diante de um problema, antes de divagar sobre todas as justificativas de coisas alheias, vá direto ao ponto: Respire e reflita sobre o que você pode fazer. O que alguém, com a sua experiência de vida, pode acrescentar ou resolver, objetivamente.

Conhecer a si mesmo é iluminar as suas sombras.




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