Pecar então é “errar o alvo”, “inibir o desenvolvimento”, contrair-se,
andar para trás, regredir e não expandir-se em crescimento.
Pensemos um pouco o que o
tradicionalismo judaico-cristão nos legou, historicamente, como sendo pecado. Tendo
o medo, como mestre, há uma secular transmissão psicológica, moral e religiosa
dos pecados familiares, arrastando sentimentos e atitudes inconscientes de avós
para pais e de pais para filhos, ou mesmo de irmãos mais velhos para os mais
novos. De diferentes formas pode se transmitir pecados em uma família: nos
comentários sarcásticos, olhares depreciadores, desvalorização de atitudes
criativas, no sexismo velado das aparências que enganam, etc.
Mais cedo ou mais tarde as
crianças desenvolvem o complexo da vergonha, ansiosos também por admitirem
culpa e famintos para obter aprovação e aceitação. Incentivar o medo desde
cedo, em família evita ou esconde os conflitos, disfarça a ansiedade e enterra
desejos. Assim, é possível às crianças, como pequenas esponjas, absorverem
ódios, depressões, medos e vícios, ainda que nunca se tenha falado sobre eles
em voz alta. Depois como adultos, na sociedade, torna-se fácil inventar
estratégias que dêem continuidade a outros medos sociais.
Mudar padrões aprendidos e
estabelecidos dói e muito. Mas, não é a dor da mudança que importa. A mudança é
significativa quando existe consciência de que os pecados familiares, no
sentido colocado acima, precisam ser desvendados, iluminados, perdoados e até
aceitos conscientemente como características individuais. O sentido, portanto,
é único: deixar as possíveis situações internas virem ao consciente, a fim de
que estas não aconteçam do lado de fora, sob a forma de destino. Resta-nos
então, o trabalho psicológico sincero e a disponibilidade honesta e interna de
fazer as lições que não foram aprendidas pelos antepassados. Se este trabalho
for feito em família, tanto melhor para o crescimento de todos. Precisamos, no
entanto, ter consciência de que, se falharmos e não mudarmos os padrões
localizados, perpetuará o destino familiar, legando possíveis padrões
destrutivos e inconscientes às gerações futuras.