segunda-feira, 9 de abril de 2012

Educação pelo medo


Pecar então é “errar o alvo”, “inibir o desenvolvimento”, contrair-se, andar para trás, regredir e não expandir-se em crescimento.

Pensemos um pouco o que o tradicionalismo judaico-cristão nos legou, historicamente, como sendo pecado. Tendo o medo, como mestre, há uma secular transmissão psicológica, moral e religiosa dos pecados familiares, arrastando sentimentos e atitudes inconscientes de avós para pais e de pais para filhos, ou mesmo de irmãos mais velhos para os mais novos. De diferentes formas pode se transmitir pecados em uma família: nos comentários sarcásticos, olhares depreciadores, desvalorização de atitudes criativas, no sexismo velado das aparências que enganam, etc.

Mais cedo ou mais tarde as crianças desenvolvem o complexo da vergonha, ansiosos também por admitirem culpa e famintos para obter aprovação e aceitação. Incentivar o medo desde cedo, em família evita ou esconde os conflitos, disfarça a ansiedade e enterra desejos. Assim, é possível às crianças, como pequenas esponjas, absorverem ódios, depressões, medos e vícios, ainda que nunca se tenha falado sobre eles em voz alta. Depois como adultos, na sociedade, torna-se fácil inventar estratégias que dêem continuidade a outros medos sociais.

Mudar padrões aprendidos e estabelecidos dói e muito. Mas, não é a dor da mudança que importa. A mudança é significativa quando existe consciência de que os pecados familiares, no sentido colocado acima, precisam ser desvendados, iluminados, perdoados e até aceitos conscientemente como características individuais. O sentido, portanto, é único: deixar as possíveis situações internas virem ao consciente, a fim de que estas não aconteçam do lado de fora, sob a forma de destino. Resta-nos então, o trabalho psicológico sincero e a disponibilidade honesta e interna de fazer as lições que não foram aprendidas pelos antepassados. Se este trabalho for feito em família, tanto melhor para o crescimento de todos. Precisamos, no entanto, ter consciência de que, se falharmos e não mudarmos os padrões localizados, perpetuará o destino familiar, legando possíveis padrões destrutivos e inconscientes às gerações futuras. 

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